ED LINCOLN, O REI DOS BAILES

De uns tempos para cá, o conceito de “OLDIES” vem sido redefinido por revistas especializadas e colecionadores de discos.
Até recentemente, OLDIES englobava tudo produzido antes da década de1980, talvez. Mas, como a impermanência é característica suprema da existência; então, a vida muda e a “Pomba-Gira”…epa…
Hoje, o considerado OLDIES deslocou-se para um intervalo entre o surgimento do GRUNGE, mais ou menos 1990, recuando para os primórdios do ROCK PSICODÉLICO, aproximadamente 1965.
Dalí para trás, a nova nomenclatura é VINTAGE.
ED LINCOLN foi baixista, pianista e organista. Trabalhou nesse pré-sal da modernidade na música: início dos 1960 em diante.
Fazia o chamado EASY LISTENING, um “tutti-fruti” de SAMBA modernizado e diluído, BOSSA NOVA, gotas de JAZZ e outros ritmos, executados na sensação pop da época, o ÓRGÃO HAMMOND.
ED LINCOLN não esteve só. Seguiu o caminho de WALTER WANDERLEY – o nosso JIMMY SMITH -; e WALDIR CALMON, pianista POP famoso e com dezenas de discos gravados, que incorporou ao SET um instrumento chamado SOLOVOX – espécie de pré-sintetizador.
Essa turma, que no geral gravava sucessos e CLÁSSICOS DO POP da época, conhecia música e tocava bem. E, o que é mais difícil ainda: fazia todo mundo dançar!
ED LINCOLN animou a geração pré -1967, o ano em que fui ao meu primeiro bailinho para tentar descobrir o que as garotas escondiam. Os bailes eram uma espécie de ritual de iniciação.
Na minha adolescência o som já era outro. Mesmo que, simultaneamente a JOHNNY RIVERS, ainda se dançasse sob a batuta do maestro RAY CONNIFF, e das baladas de JOHNNY MATHIS, por exemplo.
Eram tempos mais “elegantes”. Quase todo mundo já havia descoberto que o sexo, aposta do capeta para desencaminhar os jovens, já “tinha sido inventado” muito antes…
Então, procurem saber do ED LINCOLN e aquela turma toda. Principalmente velhões como eu@ Nelson Rocha Dos SantosAntonio Molitor,e diversos vários por aqui. É nostalgia pura, mas são muito divertidos!
POSTAGEM ORIGINAL: 30/11/2019
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LORD SUTCH & HEAVY FRIENDS, COTTILION RECORDS, 1969

A crítica tratou esse disco a pontapés quando lançado!
Para o TIO SÉRGIO, a crítica entendeu nada! Como seria possível um disco onde a banda era formada por JEFF BECK, JIMMY PAGE, JOHN BOHNAN, o baixista NOEL REDDING, e o grande tecladista NICK HOPKINS, gente do STEPPENWOLF e alguns luminares do estúdio na Inglaterra da época, e todos no auge de suas performances, fazerem um disco ruim?
Eu tenho uma hipótese. O álbum flerta com a PSICODELIA em algumas faixas, mas tem nada de progressivo, como determinava a moda nascente. A base é ROCK puro e simples.
Está claro, também, que não se tinha a menor ideia de que, 6 anos depois, o PUNK surgiria irresistível. Mas já se ouviam ruídos do PUB ROCK, de LOU REED, IGGY POP, M.C. FIVE, e outras agressões do gênero.
LORD SUTCH é um dos precursores de tudo isso. Ele “canta nada”, porque irrelevante na proposta – se é que ele tinha proposta…
Porém, poucos observaram os arranjos arrasadores. JIMMY PAGE arrebenta, testa, experimenta. E não há faixa ruim no disco.
Há incertos anos atrás, no primeiro lançamento em CD, a prestigiosa revista “RECORD COLLECTOR” deu 3 estrelas. Há uns dez anos, quando re-relançado, subiram para 4 estrelas, e algum reconhecimento. Na próxima, se houver, aposto que serão cinco estrelas e não se contestará mais o mérito.
Escutem a faixa que selecionei, com BECK, PAGE, HOPKINS, BOHNAN e REDDING. É show de bola, ooops, ROCK!
Para mim, o disco está entre os meus dez discos prediletos, na História do rock. E acho isto desde 1970, quando o comprei pela primeira vez!
Tentem!
POSTAGEM ORIGINAL: 29/11/2020
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Screaming Lord Sutch - Brightest Light
Screaming Lord Sutch – Brightest Light

LED ZEPPELIN!!! ELES!!!

Mais famosos do que Ivete Sangalo, e menos que Jesus Cristo. Banda seminal do HARD ROCK, com tentáculos no HEAVY METAL, BLUES ROCK e no PROGRESSIVO, também. Além de base no FOLK, aliás uma opção de linha artística que consideraram seriamente…
Sem eles não haveria toda a NWBHM ( New Wave of British Heavy Metal ); e nem IRON MAIDEN, METALLICA ou BLACK SABBATH. E, quaisquer outros que lembrarmos, ou não existiriam ou não seriam os mesmos. Foram a matriz original efetiva.
O LED ZEPPELIN parou em 1980, há quase meio século, depois da morte do baterista JOHN BONHAN. Mas continuam onipresentes (oniscientes?) com os vivos remanescentes – JIMMY PAGE, ROBERT PLANT e JOHN PAUL JONES – envolvidos em música e atuantes.
Em 1969, foi lançado no Brasil o SINGLE “Communication Breakdown”. Um arraso destacado do primeiro álbum da banda. Eu tive!
O LED ZEPPELIN 1, 1968, Foi LONG PLAY seminal aprimorando – e muito – a barulheira como cerne do ROCK. O nível instrumental e criativo da banda é reconhecido perenemente. Sempre fizeram discos diferenciados e não repetitivos.
ROBERT PLANT consagrou o nível técnico vocal, estabelecendo o estilo de cantar do HEAVY ROCK. Claro, talvez inaugurado por DICKIE PETERSON, do BLUE CHEER, lá por 1967/1968 – o precursor entre os “vocalistas galináceos” do ROCK.
JIMMY PAGE habita o meu imaginário. Sempre surge em mente por motivos diversos, mesmo não sendo o preferido entre os meus prediletos.
Ele é crucial, orientador e balizador. E tão bom na guitarra elétrica quanto no violão acústico. Há exemplos diversos na discografia inteira do ZEPPELIN.
Talvez, JIMMY esteja inculcado em meu cérebro, porque me tirou do sério, em 1969, enquanto eu jogava futebol de botão com meu amigo e primo BETÃO, aguardando mais um SANTOS x CORINTHIANS…
Ouvimos, de repente, no radinho de pilhas e pela primeira vez, “Whole Lotta Love”! Foi catártico; e mais um prego no caixão de minha infância! Eu recordo o local, momento e a paixão instantânea que me transbordou. Eu já era do ROCK, e caí de cabeça nele para sempre…
Não estenderei comentários. Mas, parece que o disco marcante, é o LED ZEPPELIN 4, com a inexpugnável e inesquecível STAIRWAY TO HEAVEN. Canção impossível de não estar no set list em quaisquer planetas do Sistema Solar!
Não esqueço de PAGE e PLANT, no HOLLYWOOD ROCK, em 1996, apresentando a extraordinária CASHMERE, levando o público à catarse suprema! Encerro com fofoca ouvida de um garçom, no BAR VALADARES, no bairro na POMPÉIA, que frequentei de montão e por anos, quando morava em SAMPA: o cara afirmou que ROBERT PLANT esteve por lá com poucas pessoas, e ficou tomando cervejas pacificamente… Ele adorou uma cerveja muito boa, que era fabricada no RIO GRANDE DO SUL. E, TIO SÉRGIO criminosamente esqueceu o nome….
Cada um dos milhões de fãs, que a eles veneram, têm um álbum preferido: o meu é o LED ZEPPELIN 2, por motivos sentimentais e atávicos.
Parte do que tenho do ZEPPELIN está aqui postado.
Per omnia “saecula saeculorum”! E Que assim permaneça.
POSTAGEM ORIGINAL: 29/11/2019
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CROSBY, STILLS, NASH & YOUNG: SÍMBOLOS DA TRANSIÇÃO DE UMA ERA MÍTICA

“Hey, STILLS! Deixa a tua guitarra preparada. E assim que eu ligar, nem pergunte o por que? Corre pra minha casa, tá?!”
Com essas palavras, CASS ELLIOT, famosa por ser parte do grande grupo vocal do SUNSHINE POP dos 1960, MAMAS & THE PAPAS, abordou o amigo STEPHEN STILLS, na saída de um NIGHT CLUB, em LOS ANGELES.
Ele conta que “TODO MUNDO” estava no show que o grupo inglês THE HOLLIES havia dado no “WHISKY A GO-GO”, local histórico naqueles tempos doidos.
E CASS, muito entrosada e comunicativa, fez amizade com a banda e os convidou para uma “canjinha” entre amigos na casa dela.
Eles foram. E lá estavam STILLS, que fora do BUFFALO SPRINGFIELD; DAVID CROSBY, que saíra dos BYRDS. E mais JERRY GARCIA, do GRATEFUL DEAD; JOHN SEBASTIAN, ícone com os LOVIN SPOONFUL; JONI MITCHELL, estrela nascente, e talvez JUDY COLLINS, que era a namorada de STEPHEN STILLS.
Em resumo, era para juntar o ” Grand Monde” do ROCK da costa oeste americana, em 1968!
MAMA CASS ficou sabendo que os HOLLIES estavam em crise. Haviam sido importantes no BEAT inglês, com muitos SINGLES de sucesso internacional. E foram dos poucos que transitaram para o ROCK PSICODÉLICO, e até ensaiaram passagem para o PROGRESSIVO.
THE HOLLIES Já havia gravado 9 LPS até aquele momento! Porém, GRAHAN NASH não gostou de um que fizeram só com músicas de BOB DYLAN. E andava na contramão dos colegas, querendo testar novas ideias e possibilidades…
Foi na casa de CASS onde o embrião do CROSBY, STILLS & NASH foi gerado.
DAVID CROSBY e STEPHEN STILLS já vinham trabalhando juntos, e apresentaram o que estavam fazendo. Nos dois dias seguintes, houve outras reuniões na casa de JONI MITCHELL e, pela primeira vez, GRAHAN NASH cantou com os futuros companheiros.
Os relatos são de furor e surpresa pela completa e histórica integração vocal dos três!
O primeiro disco, lançado em 1969, foi sucesso de público e crítica.
Estava mais ou menos na linha do que faziam SIMON & GARFUNKEL, mas com tempero WEST COAST ROCK: despojado, acentuadamente FOLK, e toques de ROCK PSICODÉLICO. Os três pretendiam fundir o acústico ao elétrico. Mais ROCK e menos FOLK.
STEPHEN STILLS é dinâmico e talentoso. O apelido dele era “CAPTAIN MANY HANDS”, por ser multi-instrumentista, e capaz de intuir arranjos partindo de uma simples DEMO.
Desde o início, STILLS queria trazer mais alguém para completar o grupo. Os outros dois não estavam muito convencidos. Mesmo assim, tentaram primeiro com JOHN SEBASTIAN. Não rolou. Ele já havia assinado com a REPRISE para carreira solo. E, dizem, se arrependeu…
A preferência de STILLS sempre foi por STEVE WINWOOD, outro diferenciado. Muito bom tecladista e guitarrista, era um ícone e cantava de jeito BLUESY e marcante. Talvez um contraponto instigante…
Pois bem; sem marcar nada, STILLS e o baterista DALLAS TAYLOR viajaram para a INGLATERRA. Lá, se encontraram com CHRIS WOOD, do TRAFFIC; e KEITH MOON, o baterista do WHO, e notório encrenqueiro e “Maluco Beleza”…
E foram para a casa de WINWOOD, que tinha problemas com o TRAFFIC e estava montando o BLIND FAITH, com ERIC CLAPTON e GINGER BAKER.
Quando viu pela janela os quatro batendo na porta, WINWOOD escondeu-se no banheiro e não os atendeu…
Então, entraram na parada DAVID GEFFEN, produtor, e AHAMET ERTGUN, o C.E.O da ATLANTIC RECORDS, e convenceram STILLS a conversar com NEIL YOUNG.
STEPHEN e NEIL, dois ótimos guitarristas, são assertivos, competitivos, individualistas e diretos. Sabiam impor o que desejavam.
Os dois estiveram juntos no BUFFALO SPRINGFIELD, que gravara na ATLANTIC, e não se davam muito bem… Porém, adoravam tocar juntos e se completavam artisticamente. Lembram-se de GINGER BAKER E JACK BRUCE? Foi tipo assim…
GRAHAN NASH também se reuniu com NEIL e o questionou bastante. Depois, disse que o papo foi tão convincente, que “se YOUNG pedisse, ele acabaria o nomeando PRIMEIRO MINISTRO DO CANADÁ!”
DAVID CROSBY conhecia bem os dois e concluiu, corretamente, que haveria “quatro garrafas de nitroglicerina prontas para explodir”. Mas depois de uma conversa, acabou topando.
E estava formado o CROSBY, STILLS, NASH & YOUNG. O PRIMEIRO SUPERGRUPO MULTINACIONAL DA HISTÓRIA DO ROCK!
A gravação do segundo álbum foi concluída em 28 de dezembro de 1969. Não houve festa ou comemorações. Apenas alívio pelo compromisso cumprido. E DJAVU saiu em março 1970. Foi considerado o disco mais aguardado daquela época! Só de pedidos antecipados atingiu dois milhões de unidades! Vendeu, até hoje, em variados formatos, mais de 8 milhões de cópias! Um sucesso sob quaisquer perspectivas!
DJAVU é um marco da passagem das loucuras dos anos 1960 para uma certa melancolia e desilusão da década seguinte. Um sinal do famoso “O SONHO ACABOU”, propalado por JOHN LENNON.
Durante sua concepção e gravação muita coisa ruim aconteceu aos quatro.
No mesmo dia em que o primeiro disco atingia um milhão de cópias vendidas, a namorada de DAVID CROSBY foi levar os gatos ao veterinário. Enquanto dirigia, um deles pulou sobre ela, que perdeu a direção e bateu o carro de frente com um ônibus.
Ela morreu na hora.
CROSBY entrou em depressão profunda, e nunca se recuperou do impacto da tragédia. Viciou-se em heroína e teve dificuldades para prosseguir as gravações.
NEIL YOUNG é um personagem egocêntrico e desagregador. E mesmo no auge do C.S.N & Y, encarava a banda como um trabalho à parte. Seu foco sempre foi a carreira solo.
Durante a produção de DJAVU, NEIL gravou, também “AFTER THE GOLD RUSH”, um de seus principais discos, lançado em setembro de 1970. Ficou nítido que o melhor que produzia guardara para si próprio…
STEPHEN STILLS fez o mesmo com o seu primeiro disco, recheado de craques ( HENDRIX, CLAPTON… ) e lançado em novembro 1970. Naquele ano, rompeu com JUDY COLLINS. E GRAHAN NASH e JONI MITCHELL começaram a se separar…
O C.S.N&Y sempre foi uma colcha de retalhos. É argumentável supor que apenas GRAHAN NASH e DAVID CROSBY trabalhavam em função do grupo. E, não por acaso, os dois permaneceram juntos por décadas.
No entretanto, DJAVU, com apenas dez faixas, é considerado obra de arte primorosa. São duas canções compostas e cantadas por cada um dos 4. E outra por STILLS e CROSBY.
JONI MITCHELL compôs a sensacional e pesada WOODSTOCK, na mesma noite em que foi proibida pelo empresário de apresentar-se naquele festival. O ROCK e ela agradecem!
E BLUE está entre os discos seminais feitos por JONI, saiu em julho de 1971. CROSBY e GRAHAN NASH também gravaram os deles…
Resumindo, 1971 foi o ano zero do início do fim da contracultura musical. E da explosão artística dos cinco principais participantes do projeto.
Olhando em retrospecto, o primeiro disco pode ser considerado a obra que firmou o conceito do grupo. É onde CROSBY, STILLS & NASH expõem a ideia central do que pretendiam.
DJAVU, o segundo, é a obra principal, moldada a quatro mãos, e deixando nítido o contraponto com a presença de NEIL YOUNG.
O terceiro e último, nesta fase, “FOUR WAY STREET”, 1971, gravado ao vivo, deixa nítida a separação entre eles. A banda era uma vasta avenida com quatro pistas largas e paralelas. Serve de veículo para cada um falar de si mesmo, e pilotar o próprio destino.
Aqui, a versão atual, lançada pela RHYNO RECORDS, em 2021. É um BOX com 1 LONG PLAY de 180 gramas, réplica do original. E
4 CDS: OUT TAKES, VERSÕES ALTERNATIVAS, e as DEMOS feitas por cada um deles.
Claro! também a versão ORIGINAL, muito bem remasterizada, com excelente sonoridade. Aliás, providência que poderiam ter tomado com o restante das faixas, que acabaram ficando tecnicamente aquém do trabalho feito com as originais.
A parte gráfica, muito bonita, quase repete a espetacular edição original, também bastante artesanal e cult. Há um excelente livreto com fotos e ótimo texto escrito por CAMERON CROWE, de onde tirei algumas informações que posto.
Tomei coragem e me dei de presente de aniversário e natal, em 2021. Já que sempre persegui para novamente comprar a primeira edição do LP original.
É a capa mais bonita que conheço. E ainda mais luxuosa do que “Living in the Past” original do JETHRO TULL!
CROSBY, STILLS, NASH & YOUNG influenciaram o ROCK do pesado ao FOLK. Mesmo que não haja qualquer referência ao trabalho de dois parceiros presentes o tempo todo: o baterista DALLAS TAYLOR, e o baixo preciso de GREG REEVES.
Shame on you, rapazes!!!
AHHH, se você duvidar, vá à discoteca e ouça a música I’M YOUR CAPTAIN, no álbum CLOSER TO HOME, lançado pelo GRANDFUNK RAILROAD, em 1970.
Lá você sentirá o perfume delicioso da “SWEET JUDY BLUE EYES”, que STEPHEN STILLS compôs para a namorada, e o C.S&N imortalizou.
POSTAGEM ORIGINAL: 28/11/2021
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WALTER FRANCO – E A POESIA DAS SENSAÇÕES PERTURBADORAS.

Eu procurei, escarafunchei a minha discoteca atrás de dois discos seminais de WALTER FRANCO. Escafederam-se. Porra, TIO SÉRGIO, vai ser pernóstico e superado assim no QUIRGUISTÃO!
Agora, encontrei “OU NÃO” e “REVOLVER”; que talvez sejam mais pertinentes ao que escrevi, do que o “VELA ABERTA”.
Não à toa, WALTER FRANCO causava tumultos. Eram tempos de “suposta racionalidade explícita “, que vazava poros e mentes afora, e desembocava em política militante. Eu assisti a isto – estive por lá….
Era inadmissível alguém lúcido, à esquerda, consciente de Brasil e suas mazelas criar música e arte não engajadas! Questão de ética – imposta pela oposição à ditadura de 1964.
A música brasileira de qualidade, lá por 1972, estava dominada por CAETANO, CHICO, GIL e TOM JOBIM. É possível argumentar que o cenário pouco mudou. Mesmo com a falta de TOM.
Entraram outros diversos – o que é ótimo! Mas permanecem os mesmos, faz meio século e uns dez por cento de tempo a mais… E ainda com força! GILBERTO GIL, por exemplo, está na ACADEMIA BRASILEIRA DE LETRAS, e permanece astro onipresente, em ascensão imparável…
São quase seis décadas de um latifúndio produtivo bem cultivado, e politicamente correto. Mas, latifúndio ainda é. Muitos arranham, mas ninguém tasca!
WALTER FRANCO foi um radical. Desafiou isso tudo arquitetando experimentalismo sonoro deslavado, conjugado a letras repletas de sensações sobre o viver, e coisas não tão definidas. Nada é explícito em suas músicas perfeitamente compostas.
A poética de WALTER é construída em cima do que ele “sente” sobre o que pretende expressar. Falava e escreveu pouco. É sintético; e quem o escuta interpreta. E tenta desvendar a intenção .
Claro, isto incomoda – e muito! Porque não se coaduna à nossa cultura racionalista e verborrágica. WALTER era, delicadamente, o anti-DYLAN; o anti-CHICO; e o anti-GIL.
Talvez haja na música dele aspectos convergentes a CAETANO. Existe certo consenso de que o revolucionário e destemido ARAÇÁ AZUL, de 1973, em parte foi “desafiado” pela ousadia de WALTER, detonada por “CABEÇA”, em 1972.
Que o novo tenha prioridade, quem sabe tenha pensado CAETANO VELOSO, captando energias liberadas pelos CONCRETISTAS, a professora JOCY de OLIVEIRA, SMETAK, os TROPICALISTAS e o ROCK PROGRESSIVO, que já rolava solto. CAETANO reagiu rapidamente….
Eu sei, é “conversa de urubu” enfiada nesse texto, feito JABUTIS nos Projetos de lei do nosso CONGRESSO.
CABEÇA, é um misto de “KRAUTROCK ELETROACÚSTICO”, totalmente experimental, e MÚSICA e POESIA CONCRETA de verdade. Havia concorrido no F.IC. – SÉTIMO FESTIVAL INTERNACIONAL DA CANÇÃO, em 1972; onde WALTER encarou o auditório com atitude que misturava o “ZEN, o CONFORMADO e o CORAJOSO”. Esteve sob vaias, ameaças, apupos e adorações!
Depois, a obra foi incluída em “OU NÃO” álbum concebido em 1972, mas lançado em 1973.
CAETANO VELOSO é, também, um racionalista que sabe trabalhar com o sensível elaborado, e é menos conservador na forma do que os seus companheiros de geração.
Hoje, WALTER FRANCO certamente seria um anti-RAP e contra o falatório POP imperante na música.
A cultura brasileira é barulhenta demais para um sujeito reflexivo até quando faz um ROCK PESADO e incômodo.
Quando apresentou CANALHA, em outro FESTIVAL, na década de1980, causou reboliço, também!
ZIRALDO, o grande cartunista e artista gráfico, foi o excelente MESTRE DE CERIMÔNIAS. E quando foi anunciar, sorriu irreverente: “Xiiiiii, agora vamos ver o que acontece!!! Aqui, no palco, um iconoclasta único”!!!
CANALHA tem letra tão boa, sui-generis e impactante, que você a decora e viaja perseguindo e praguejando contra essa dor de alma indefinida, sorrateira, “mau caráter”, CANALHA! E, claro, é ROCK poderoso emulando FEITO GENTE, que abre REVOLVER, de 1972.
Eu me recordo quando entrei na FFLCH da USP, em 1974, e aconteceu um seminário com luminares da política, sociologia, artes, psicologia, etc… Foi um passaporte para outro universo ao mesmo tempo integrado e paralelo ao Brasil.
Quem falou de música, quase sob vaias, foi a jornalista e crítica ANA MARIA BAHIANA, detentora de legitimidade incontestável.
Questionada sobre censura e outras violências do regime militar, ela propôs: “se as palavras, e as letras das canções estão fragilizadas, censuradas, impedidas; então, por que não focar mais na construção da “música” para expressar o protesto?”
Imaginem o bacobufo que ela causou!!!!
Pedi, recentemente, para ficar amigo de ANA MARIA aqui nas redes sociais . Ela aceitou. Então, comentei o episódio, e se ela recordava aquele momento. Resposta precisa: “Eu não esqueço de nada”. Dou fé!
Então, se bem o interpreto, WALTER FRANCO fez isso: conjugou a experimentação sonora à não explicitude racionalista de suas mensagens. Viagens contínuas; recado passado; efeito retumbante – Inclusive politico!
WALTER FRANCO antecedeu a ARRIGO BARNABÉ, outra persona não grata e imprescindível! E ambos tornaram-se incômodos quase invisíveis, mas presentes e perceptíveis, …
Afinal de contas, nem a MÚSICA CONCRETA é tão palpável assim!
REVOLVER… OU NÃO?
POSTAGEM ORIGINAL: 23/11/2022
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“NO REINO DA BAIXARIA”: ARTISTAS QUE USAM O BAIXO DE MANEIRA EXPRESSIVA E ALÉM DO CONVENCIONAL.

Ora, perguntarão vocês, damas e cavalheiros, o que têm os cinco discos em comum?
E tio SÉRGIO lhes responderá: superlativos trabalhos de CONTRABAIXO no ROCK, e redondezas! E, para misturar e quase confundir, são estilos, gêneros e épocas diferentes.
1) THE ELECTRIC PRUNES era só um nome. E as bandas sempre foram montadas e remontadas por DAVID PONCHER e o produtor DAVID AXELROD, os donos do conceito e do nome.
Em cada disco gravado os músicos são diferentes. Fizeram uns cinco ou seis. Entre eles, três obras primas do ROCK PSICODÉLICO:
O primeiro, “THE ELECTRIC PRUNES”, 1967, é ROCK DE GARAGEM e PSICODELIA seminal.
O segundo, “MASS IN F MINOR”, é missa católica cantada em latim, e tocada como se JIMI HENDRIX e o BLUE CHEER tivessem entrado em colisão na porta de uma catedral! Mais outro álbum magnífico!
“RELEASE OF AN OATH”, lançado em 1968, é um ritual e prece judaicos, criado por AXELROD e o engenheiro de som DAVID HESSINGER. Foram contratados músicos de estúdio de alto nível para realizá-lo em 48 horas!
Nele tocou CAROL KAYE, para o TIO SÉRGIO, a “MAIOR BAIXISTA DA HISTÓRIA DA MÚSICA POP”, que dá um show! Aliás, era o que TIA CAROL costumava fazer gravando com gente tão variada como FRANK SINATRA e os BEACH BOYS. Ela participou em mais de dez mil sessões de gravação!!!! Ensinou gerações de craques a tocar baixo e guitarra!
2) Na outra ponta, “crossovers” em direção ao JAZZ FUSION: o BACK DOOR e o MORPHINE são trios; e têm SAX, muitos e distintos SAXES! Além, claro de “BAIXARIA” fenomenal!!!!
Tempos atrás, o meu amplificador pifou. Mandei consertar, voltou; e fui fazendo testes para ver se ficou bom.
Sim!
Sempre uso o MORPHINE, o CARAVAN e o MASSIVE ATACK para AJUSTAR os GRAVES. São discos soberbos tecnicamente, por causa da dinâmica, e do som saturado perfeitamente captado durante as gravações.
Eu observo o som do BAIXO para ajustar a posição das caixas acústicas em relação ao ambiente; e extrai o som mais correto possível do instrumento. A exigência maior é que se destaquem os “Recortes” – termo técnico da audiofilia, para identificar nas gravações a correta posição de cada instrumento em relação aos restantes.
O teste é fundamental para desclassificar ou aprovar a qualidade técnica, e a adequação de um “Amplificador” e das caixas acústicas também. Ouça com atenção, porque funciona.
3) Eu adoro o CARAVAN! Principalmente o álbum “WATERLOO LILLY”, gravado na DERAM em 1974. É FUSION JAZZ e ROCK PROGRESSIVO condensados de maneira única e inconfundível.
O trabalho de RICHARD SINCLAIR, no BAIXO, é um show de precisão, ritmo, andamento e criatividade. Experiência Imperdível!
4) O MORPHINE é bem conhecido, e mais atual. Destaca o SAX BARÍTONO de DANA CULLEY – carregado, denso, roncando ao limite das caixas! – em diálogo com a BATERIA.
E há, é claro, o BAIXO estonteante, onipresente; andamento e ritmos perfeitos, conduzido por MARK SANDMAN, precocemente falecido. É aula de gingado e fúria; técnica e “SOUL”.
E o VOCAL de MARK, entre o TENOR e o BARÍTONO, completa e faz integrar o conjunto que leva o uso do GRAVE ao espetáculo, e ao limite técnico das caixas que, se bem posicionadas, fazem a gente perceber o SHOW DE BOLA que o trio faz acontecer!!!!
O MORPHINE é banda essencial. E “CURE FOR PAIN”, lançado em 1992, é o disco resumo do estilo e arte que legaram.
5) Já o BACK DOOR é conhecido por poucos. Trio excelente, criado em 1972, na INGLATERRA, fez três discos irrequietos, estranhos; que obtiveram nenhum sucesso de vendas.
Mas são originais, para dizer o mínimo. RON ASPERY, o SAX ( geralmente ) ALTO, se autodeclarava um cruzamento de CHARLIE PARKER, ORNETTE COLEMAN, JOHN COLTRANE e KING CURTIS. Um cara modesto, é claro…
Porém, o coração do grupo é o extraordinário baixista COLIN HODGECKINSON. Onipresente, ele garante a base FUSION/ROCK/PROGRESSIVA, mesclada com doses de BLUES à ROBERT JOHNSON e LEADBELLY. Sensacional, para resumir!
Por óbvio, o batera TONY HICKS é suficientemente bom para encarar e segurar as estripulias dos outro dois.
HODGECKINSON fez carreira prolífica. Acompanhou Deus e o mundo: de WHITESNAKE a MICK JAGGER. E assumiu o baixo no TEN YEARS AFTER, por volta de 2014. É Um virtuose algo exibicionista e inquieto.
6) Para completar, procure ouvir o MASSIVE ATACK. Este disco, MEZZANINE, lançado em 1998, é um portento do chamado TRIP-HOP. Absolutamente DARK, claustrofóbico, e uma profusão de tons e execuções em GRAVE. É treino para retumbar os tímpanos, desterrar os vizinhos, e testar a qualidade do equipamento de som.
Discos, ou CD, são artefatos que não tocam legal se o sistema não estiver bem ajustado. Mas são espetáculos à parte, quando as caixas e cabos estão bem postos. Eu uso seguidamente o MASSIVE ATACK para sentir o peso dos instrumentos. Recomendo de verdade para quem gosta de ROCK, POP, FUSION, e sei lá mais o quê…Quando toco MEZZANINE alto a “gataria” da vizinhança mia mais do que a “cachorrada” late!!!
Estes cinco discos excepcionais são peças para colecionadores de VANGUARDAS, FUSÕES, ROCK PROGRESSIVO …, e o mais sei lá o quê!
Procurem e ouçam. São fundamentais, instrutivos e bastante divertidos!
POSTAGEM ORIGINAL: 26/11/2022
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STACEY KENT – JAZZ SINGER VERSÁTIL

GOSTO MUITO!
STACEY É ECLÉTICA E DEDICADA. ENTENDE O QUE ESTÁ CANTANDO, INTERPRETA COM VIGOR, E NÃO BALBUCIA PALAVRAS ININTELIGÍVEIS, PORQUE ESTUDA AS LÍNGUAS E OS COMPOSITORES.
SEU “APPROACH” COM A MPB É INTENSO. TOM JOBIM É DESTAQUE PELA QUANTIDADE E A ÓBVIA QUALIDADE DO REPERTÓRIO.
CANTANDO EM FRANCÊS, STACEY KENT FICA TÃO CONFORTÁVEL QUANTO NAS INTERPRETAÇÕES EM INGLÊS. ELA É CANADENSE, UM FACILITADOR MULTICULTURAL.
STACEY TEM VOZ DELICADA, FEMININA, AGRADÁVEL. CANTA MUITO BEM! A BANDA É PRECISA, E OS MÚSICOS EXCELENTES!
TIO SÉRGIO RECOMENDA QUAISQUER DOS CDS DA FOTO.
AOS BRASILEIROS, INDICO PRINCIPALMENTE O COMBO “AO VIVO COM MARCOS VALLE”,
JUNTANDO CD E O DVD – UM MUST EM ALEGRIA E ARTE, FEITO COM ESTE MÚSICO, CANTOR E COMPOSITOR ÚNICO! MARCOS É MUITO MAIS APRECIADO LÁ FORA DO QUE NO BRASIL.
A TODA VEZ QUE SÃO LANÇADOS DISCOS DE STACEY KENT EU VOU ATRÁS! HÁ QUEM PREFIRA MELODY GARDOT. QUESTÃO DE GOSTO.
OUÇA AS MOÇAS. DEPOIS, ENTRE NA DISCUSSÃO E OPINE. APOSTO QUE VOCÊ VAI FICAR COM AS DUAS!
POSTAGEM ORIGINAL: 24/11/2028
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BLUE NOTE – COLLECTOR’S EDITION – 25 CDS BOX – LIVRO “THE COVER ART OF BLUE NOTE”

Coleções a gente amplia buscando a adequada literatura, a “memorabilia” compatível e qualquer objeto que expanda sua abrangência.
O LIVRO e o BOX foram comprados separadamente, não formam COMBO. São 240 páginas. O livro é a coleção de capas criadas pelo designer REID MILES, em conceito um tanto indefinível; mas captando o MOOD, o SOUL o HIP que perpassa o acervo magnífico de LONG PLAYS lançados pela BLUE NOTE RECORDS – principalmente entre os anos 1950 e 1960, claro!
E os CDs?
Estão no BOX OS 25 principais e fundamentais discos da gravadora BLUE NOTE! Por lá, GRANT GREEN, THELONIOUS MONK, ART BLAKEY, JOHN COLTRANE, SONNY CLARK, JIMMY SMITH, DEXTER GORDON, SONNY ROLLINS, KENNY BURRELL, CANNONBALL ADDERLEY, LEE MORGAN, MILES DAVIS…
Em princípio, formam edições atualizadas, buscadas nos “MASTERS “ES” ) ORIGINAIS”. E as capa são MINI-LPS com faixas bônus. Acompanha o LIBRETO, inclusive, falando sobre cada disco, ficha técnica e vasto escambau a quatro….
Um artefato muito bonito, “por supuesto” , feito no Japão, mas um tanto simples. E a preço bastante popular quando fo lançado, há uns… alguns… anos.
Paguei menos de R$ 500,00 mandacarus, R$ 20,00 por CD, cerca de $ 4 dólares por disco. O som é muito bom!
A MÚSICA?
Ora, é a Nata da produção dos caras.! Panorama sobre a importância e o significado artístico da gravadora.
Pode ser o princípio ou a essência de uma coleção de discos de JAZZ, com vocação para expandir- se – e muito!
É objeto CULT e COLECIONÁVEL ao infinito! Em alto nível, como outros diversos feitos por gravadoras como PRESTIGE, VERVE, e por aí adentro.
Um BOX dessa monta, é Jeito adequado de apreciar quitutes incomparáveis!
Vale tentar! Se liguem!
POSTAGEM ORIGINAL: 24/11/2019
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ARTISTAS RECALCITRANTES, INVENTIVOS OU SIMPLESMENTE EVAPORADOS

Eu sou um recalcitrante.
E que porra é isso, TIO SÉRGIO, seu “VAGO LUME DEAMBULANTE”?
Eu tenho dificuldades para adequar-me; resisto a obedecer. Meu espírito é antiautoritário. Mantenho a ilusão de ser independente. E pratico um ritual: se os tempos vão à esquerda, eu os espreito à partir da direita, para assestar o foco.
E vice-versa; porque o vício sempre versa… hummm!!! Tenho críticas – quase sempre. Não sou gregário – e menos ainda, partidário. Concordo muito comigo mesmo. ‘A exceção de frequentemente…
Então, o TIO SÉRGIO trouxe para vocês coisas um tanto oblíquas que mantenho na discoteca. Discos estranhos, entranhados na alma, e que estão comigo há anos. E a maioria permanecerá.
Será?
Eu garanto que são de alguma forma interessantes. Parte deles, apenas pelo fato de existirem e trazerem um quê indefinido. Outros, porque feitos por gente criativa, não conformista e nem conformada. Não são para curtir direto. E alguns, uma vez só já foi bom demais…
Vamos farejar:
1) CID CAMPOS, filho do poeta AUGUSTO DE CAMPOS, É músico e produtor. Cara bem formado e culto. Saiu da turma do TEATRO LIRA PAULISTANA, fábrica informal de contestações, propostas, ideias não alinhadas ao sistema. Coisas acontecidas no princípio dos 1980. CID é da mesma geração de ARRIGO BARNABÉ, VANIA BASTOS, GRUPO RUMO, LÍNGUA DE TRAPO e etc…
“NO LAGO DO OLHO” saiu em 2001. Foi susto POP sofisticado. Por injunções imprescindíveis, também está nesta gravação ARNALDO ANTUNES – garantia de boa poesia. E a produção estava em dia com a vanguarda: instrumentação eletrônica e o vasto etc…. daqueles tempos.
Se cruzar com isto compre.
2) Eu conheci PRISCILLA ERMEL. Fomos rigorosamente contemporâneos na FFLCH da USP. Entramos em 1974 e nos formamos em 1979. Convivemos, mas nos falamos pouco. Eu estudava a noite e ela de tarde.
PRISCILLA é muito inteligente e criativa; pessoa querida pelos colegas. Ela se dirigiu prioritariamente para a ANTROPOLOGIA. Hoje, é pós doutora, dá aulas de ETNOMUSICOLOGIA, e sobre as várias integrações possíveis entre a antropologia, a música, e as artes visuais.
Além de textos acadêmicos, fez uma peça de teatro infantil, BOI BONIFÁCIO. Gravou, também, discos do que hoje chamamos NEW AGE / WORLD MUSIC. Tudo bem pesquisado, interessante, bonito e musicalmente relevante.
Aqui, uma coletânea retirada de seus três primeiros LPs, lançada em 1994. Se encontrarem, não percam. Este ficará comigo para sempre. E espero um dia saber da PRISCILA; ou cruzarmos nas redes sociais.
3) Na linha de PRISCILLA, há o interessante disco de MAY EAST, ex-GANG 90 E ABSURDETES – grupo CULT formado por JÚLIO BARROSO em plena NEW WAVE pátria.
TABAPORA foi lançado pelo meu amigo@Rene Ferri em sua gravadora WOP BOP, em meados dos 1980. A minha edição é de 2000, e vai continuar comigo.
MAY EAST “simplesmente” inventou a WORLD MUSIC!!!!” Hoje, tem vida acadêmica, e é referência internacional em sustentabilidade. Se encontrarem por aí, devorem! Não tenham pudores…
E mais três recalcitrantes:
4) MARCONI NOTARO, compositor, escritor e vida torta, fez esta pedra basilar do colecionismo, em 1973. NO SUB – REINO DOS METAZOÁRIOS” está entre os discos que foram para o ralo numa inundação, que destruiu a imensa maioria do estoque, no depósito da gravadora ROSEMBLIT, em Recife:
Inclusive o mítico PAEBIRU, de LULA CÔRTEZ e ZÉ RAMALHO.
MARCONI é tipo juntar RAUL SEIXAS com SAMBA “ANÁRQUICO” – meu Zeus, TIO SÉRGIO…. O disco tem letras bem escritas e instigantes. O vinil você não encontrará, e talvez nem este CD. É de coleção, mesmo.
5) WALTER FRANCO?
Bem, é WALTER FRANCO. O álbum “OU NÃO”, de 1973, traz CABEÇA ( um “KRAUT talvez ROCK” ?) totalmente experimental e certamente inspirada pela obra de nossa “compositora – gênio alternativa”, JOCY DE OLIVEIRA.
“CABEÇA” foi vaiada pela turba “MPBÓIDE” radical, em um festival de música, no ano de 1972, aqui no HOSPÍCIO DO SUL.
Os alemães começaram com isso: são os pioneiros da música ELETROACÚSTICA, na década 1950, com STOCKHAUSEN e outros.
Depois, no final dos 1960, início dos 70, criaram o PROGRESSIVO da terra dos SCHNAPS, apelidado mundo afora por KRAUTROCK. Hoje, é estilo consagrado e cheio de descendências e consequências. WALTER FRANCO trouxe para cá e CAETANO caiu de… hummm… cabeça dentro da nova perspectiva por ele aberta., com ARAÇÁ AZUL, 1973.
CABEÇA é obra Imperdível e inolvidável -deixa de ser pernóstico, TIO!
6) Mais recente, outra gravação fora do óbvio. O encontro ao vivo, em 2015, de ARRIGO BARNABÉ, LUIZ TATIT e a cantora LÍVIA NESTROVSKY. É tudo o que você tem direito em letras não convencionais, instrumentação experimental e estranhamento explícito. Muito legal! Mas para poucos orgasmos. É para conhecer, ter e, vez por outra, retomar.
Ahhh, Favor não esquecer do verso definidor e definitivo em BABEL:
“Ser humano é tudo igual
É bem bom mas é falho;😀😀
Ser humano é cerebral
CEREBRAL, O CARALHO!”
Alguém duvida?
7) FREE BOSSA é obra fora do esquadro do NOUVELLE… hã… CUISINE. É disco criativo, mesclando eletrônica e instrumentos convencionais. Vai de “I LOVE YOU PORGY” a “MULHER RENDEIRA”. E passa pelo delicioso quase HIT recôndito: “SAIR DO AR”. Excelente!
😎 NEYDE FRAGA? Sim, “MAIS BALANÇO” é disco mesclando SAMBA, BOSSA, SWING – JAZZ, e com direito a câmara de eco e reverberação em uma das músicas! Foi gravado em 1965!!
Pois, é; por isso está na coleção.
9) MORENA BOSSA NOVA”, é de 2003. CLARA MORENO, é filha de JOYCE E NELSON ANGELO, e fez disco agradável de NEW BOSSA dançável e moderninha. Mescla BOSSA NOVA com MÚSICA ELETRÔNICA. Dá festa!
10) Por falar em dançar, pulem com DAÚDE. “SIMBORA”, 1999, é TECHNO SAMBA-POP com PERCURSÃO AFROBAIANA.
Tudo junto ao mesmo tempo, tio SÉRGIO? Será?
É.
Artefato excelente, anima qualquer rastapé; e é muito, mas muito mais legal do que IVETE SANGALO et caterva. DAÚDE é diferenciada.
11) Para encerrar, o BATACOTÔ, traz BRASILIDADES AFRO em música de primeira linha. Estão no projeto os convidados DIONNE WARWICK, GILBERTO GIL, ERNIE WATTS, LENINE, e o violinista JERRY GOODMAN, ex – MAHAVSHNU ORCHESTRA! Todos acompanham um grupo sui-generis em disco inusitado, sofisticado e algo difícil de encontrar.
Pra exemplificar a zoeira, um verso de “QUITAMBÔ”:
” No meio do mês de maio
É festa do véio laio
que inventou a gandaia
que toca tambô na praia
pra gente qui num trabaia
Pra gente da tua laia
Por isso é que nóis num faia…”
Se encontrar por aí vai ser baratinho. E num faia!
Pois é, turma: postei seleção de recalcitrantes e inesperados de verdade. Gente que disse “NÃO” a várias coisas. Porém, a o caminho para o “SIM” em outras muito mais interessantes!
Mas, quem “faiou fui eu”. Acabei vendendo este exemplar e o disco da DAUDE… Enfim;
POSTAGEM ORIGINAL: 23/11/2020
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E.C.M. RECORDS – PRODUÇÃO ECLÉTICA E GENIAL: EU QUERIA SER MANFRED EICHER!

Eu admiro muita gente. Mas invejar, invejo poucos – muito poucos! Entre alguns, está MANFRED EICHER.
Pois, não, madame, cavalheiro e adjacências, vou dizer um pouco sobre o incensado: MANFRED é alemão, músico e produtor de discos. Fundou a E.C.M. RECORDS (EDITION OF CONTEMPORARY MUSIC ), em 1969; gravadora única, dirigida ao JAZZ, WORLD MUSIC, CLÁSSICOS, e MÚSICA CONTEMPORÂNEA; é criadora de linguagem própria. Seus artistas e repertórios têm alguns “quês” e qualidades originais, distintos do cotidiano.
MANFRED tem feeling para escolher músicos formidáveis do mundo inteiro; às vezes, combiná-los com outros; e sempre garantindo liberdade criativa produzindo, ao mesmo tempo, sonoridade diferenciada, mas identificável. Ele é um gênio da produção, deixa sua marca sem descaracterizar – muito ao contrário! – a obra do artista.
Entre centenas de músicos, grupos e pequenas orquestras, MANFRED EICHER produziu e revelou para o mundo talentos como PAT METHENY, KEITH JARRETT, EGBERTO GISMONTI, JACK DeJOHNETTE, RALPH TOWNER, JON GARBAREK ; e o talvez maior compositor CLÁSSICO ( vá, lá, ERUDITO… ) CONTEMPORÂNEO, o armênio ARVO PART – que grava na subsidiária E.CM. NEW SERIES..
EICHER é eficiente, eficaz e prolífico. Grava os artistas em dois dias, e mixa o material em mais um! Três dias e você tem uma obra de arte pronta! E, sempre, no mínimo significativa e de muita qualidade!
Ele Já “fez” mais de 1.200 discos!!! Por isso, foi eleito o produtor do anos pela revista especializada em JAZZ. “DOWN BEAT” dez vezes, em 1976, 2008, 2009, 2010, 2011, 2012, 2013, 2014 e 2015 … e por aí vai – por enquanto.
Os LONG PLAYS da ECM começaram a sair no Brasil no final dos anos 1970. Eram magníficos! Capa, produção e sonoridade de
primeira, verdadeiros objetos de coleção.
Hoje, posto “algoutros” ( tá, tá, tolerem: contração que inventei para “alguns + outros”… ) CDS: CARLA BLEY – BIG BAND THEORY, 1993; JAN GARBAREK – IN PRAISE OF DREAMS, 2004; JOHN SURMAN…, NORDIC QUARTET, 1995; BOBO STENSON TRIO – INDICUM, 2012; CHRISTIAN WALLUMROD ENSEMBLE, FABULA SUITE LUGANO, 2009; e quatro de ARVO PART – TABULA RASA. 1984; MISERERE, 1991; LITANY, 1996; SAMCTUARY, 1998.
Por isso, se budistas e hinduístas tiverem razão, quando eu morrer quero voltar “remasterizado” em MANFRED EICHER.
Eu juro que aviso vocês se isto acontecer!
POSTAGEM ORIGINAL  REVISTA E ATUALIZADA DE: 21/11/2027
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